Na semana passada, a congressista colombiana da Aliança Verde, Carolina Giraldo, apresentou uma iniciativa para aumentar o imposto sobre o tabaco dentro da reforma tributária que está prestes a ser implementada no país. Infelizmente, a iniciativa, que é apresentada como uma fonte de receita para o Estado e “em favor do direito fundamental à saúde”, também inclui a criação de um imposto sobre o uso de cigarros eletrônicos. A Colômbia, assim, junta-se à longa lista de países que buscam desencorajar o uso de cigarros eletrônicos por meio de impostos mais altos.
Esta iniciativa está fadada ao fracasso em seus objetivos propostos. Há evidências científicas suficientes para garantir que a criação de um imposto sobre o vaping não só não atingirá suas metas, como será prejudicial e contraproducente.
Em primeiro lugar, é notável a falta de um diálogo social amplo e honesto a respeito da proposta. Como denunciado por Asovape Colômbia Em suas redes sociais, a iniciativa ignora os depoimentos e a experiência de milhares de usuários e empreendedores do setor de cigarros eletrônicos no país. A deputada Carolina Giraldo não consultou nenhum dos grupos afetados sobre sua proposta, enviando-a diretamente ao Ministro da Fazenda sem qualquer debate público. O corpo da iniciativa, segundo O Espectador, foi escrito com a ajuda de instituições que, durante anos, têm seguido um discurso tendencioso, anticientífico e hostil contra o vaping, como a Fundação Anáas ou a Rede PaPaz (ambas ligadas a Michael Bloomberg).
Em segundo lugar, a própria congressista concebeu sua iniciativa como uma fonte de geração de recursos para o Estado, justificando-a posteriormente ao assegurar que ela favorece o direito fundamental à saúde. O uso de cigarros eletrônicos é – ou deveria ser – enquadrado no direito fundamental à saúde, pois é muito menos prejudicial do que fumar e um método muito eficaz para parar de fumar, levando a vidas mais saudáveis e aumentando a expectativa de vida daqueles que fazem a transição. Desincentivar o uso de cigarros eletrônicos por meio de impostos, tornando os produtos mais caros. Fazer com que os usuários de cigarros eletrônicos voltem a fumar. e impedir que fumantes passem a usar cigarros eletrônicos, é um ataque real a esse direito ao qual a congressista se refere. Além disso, os usuários de cigarros eletrônicos não são uma fonte de dinheiro a ser explorada para gerar receita para os interesses do governo – como a congressista os vê – eles são pessoas, e sua saúde deve estar acima da necessidade de financiamento estatal.
Por fim, é duvidoso que o aumento de impostos sobre os usuários de cigarros eletrônicos aumente a arrecadação do governo e, ao mesmo tempo, contribua para a melhoria da saúde pública. Atualmente, os usuários pagam imposto sobre valor agregado (IVA) nos produtos que compram nas lojas, e as lojas pagam impostos sobre os lucros que geram. Com essa iniciativa, espera-se que o aumento dos preços no mercado legal leve alguns consumidores a migrarem para o mercado informal, onde não se paga nenhum tipo de imposto (e onde os produtos não possuem controles de segurança e qualidade).
É fundamental que as políticas sejam sempre elaboradas tendo em mente os interesses dos grupos afetados, especialmente quando se trata de saúde. Portanto, instamos a Deputada Carolina Giraldo e todos os legisladores colombianos a entrarem em contato com grupos de consumidores e empreendedores do setor de cigarros eletrônicos para aprenderem mais sobre essa ferramenta de redução de danos do tabaco e para alcançarem uma legislação baseada em evidências.