O segundo dia da COP11 trouxe algo inesperado. Enquanto a maioria das delegações continuava o ritual bem ensaiado de anunciar proibições e restrições, alguns países romperam com o consenso novamente. Eles exigiram evidências, transparência e um lugar à mesa para a redução de danos. Suas declarações foram claras, ponderadas e fundamentadas na ciência. Por um breve momento, a bolha de consenso mostrou rachaduras.
A Macedônia do Norte adotou uma posição firme. A delegação defendeu a redução de danos com total transparência, exigindo uma definição clara do conceito e a criação de grupos de trabalho para apoiar discussões abertas e baseadas em evidências. Insistiram que a formulação de políticas deve se basear exclusivamente em fatos, pesquisas e melhores práticas. Sua mensagem foi direta: a redução de danos deve fazer parte do diálogo global sobre o controle do tabaco, e não ser marginalizada por ideologias.
Moçambique defendeu uma regulamentação baseada em evidências. Se mantiverem esse princípio, devem rejeitar as chamadas medidas prospectivas e adotar a redução de danos. A lógica é simples: se o objetivo é reduzir os danos, as políticas devem ser avaliadas pelos resultados, e não pelas intenções. Só nos resta esperar que cumpram essa promessa.
São Cristóvão e Névis reagiram com mais veemência do que a maioria. A delegação reconheceu que a redução de danos faz parte de uma abordagem inclusiva e instou a Convenção-Quadro para o Controle do HIV a aprender com a experiência do HIV, onde a redução de danos foi um pilar fundamental para o sucesso. Ignorar essas lições seria um desserviço à saúde pública, afirmaram. "Não podemos virar as costas para uma solução em potencial." A presidência tentou silenciá-los, mas eles não cederam. Exigiram que as decisões fossem baseadas em pesquisas com diretrizes claras sobre estratégias de redução de danos. Foi uma rara demonstração de coragem.
Gâmbia juntou-se ao coro do pragmatismo. A delegação instou a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) a estar aberta à inovação e a garantir que os regulamentos reflitam a realidade no terreno. "O compromisso com a convenção não impede a abertura às evidências científicas", afirmaram. "Ser pragmático e baseado em evidências não é contraditório a um controle rigoroso do tabaco." Os debates globais devem refletir a realidade, e não meras ilusões.
Já na sessão da tarde de ontem, a Albânia enfatizou que as novas medidas devem ser “fundamentadas em evidências científicas credíveis que demonstrem a sua eficácia na redução de danos e na melhoria da saúde pública”. A Albânia defendeu a formulação de políticas baseadas em evidências, uma posição que foi muito bem recebida pelos consumidores.
Essas declarações ecoam algumas vozes desde o primeiro dia. A Nova Zelândia reforçou seu compromisso com a redução de danos, apresentando evidências de como o apoio prático e a regulamentação de produtos de nicotina baseada em riscos aceleram a queda nas taxas de tabagismo. Eles lembraram a todos que a redução de danos funciona. A Sérvia se opôs à proibição, pedindo cautela em medidas drásticas e exigindo que quaisquer novas políticas sejam baseadas na ciência e na redução de danos. Eles falaram a verdade a uma instituição que perdeu o rumo.
No entanto, a maioria das delegações na COP11 ignora os consumidores, a ciência e as evidências do mundo real. Elas competem para anunciar as medidas mais severas contra o vaping, os sachês de nicotina e o tabaco aquecido, como se mais restrições automaticamente significassem melhor saúde. Poucas questionam se essas políticas realmente reduzem o tabagismo. Os dados científicos sugerem que não.
As vozes da Macedônia do Norte, Gâmbia, Moçambique, São Cristóvão e Névis, Albânia, Nova Zelândia e Sérvia importam. Elas oferecem algo que a câmara de eco precisa desesperadamente: um lembrete de que as políticas públicas devem seguir as evidências, não a ideologia. As vozes dos consumidores existem. Os dados do mundo real existem. Os países já estão resolvendo esse problema.
Aqui você encontra uma visão geral das declarações de delegação:
Aqui Você encontrará aqui todas as informações e materiais de apoio sobre o trabalho da WVA na COP11.
(Nota: este texto foi escrito após a sessão da manhã do segundo dia. Devido a problemas técnicos, o site da FCTC está fora do ar e não temos certeza se o público poderá assistir a mais sessões.)