Como brasileiro profundamente apaixonado pela redução de danos e pela liberdade individual, não posso deixar de me sentir frustrado ao observar a situação do vaping no Brasil.
É um país que parece preso ao passado, agarrando-se a políticas ultrapassadas e campanhas alarmistas, enquanto as pessoas pagam o preço — literalmente — com a própria saúde. Mas não precisa ser assim. Há um exemplo brilhante que podemos seguir: a Suécia.
A Suécia lidera o mundo na redução dos danos causados pelo tabaco, e seu sucesso é inegável. Por meio de políticas inovadoras e uma abordagem realista ao uso da nicotina, o país conseguiu alcançar algo extraordinário: uma taxa de tabagismo recorde de apenas 51% para cada 400 fumantes. Essencialmente, o tabagismo se tornou coisa do passado, não proibindo alternativas, mas sim incentivando-as.
TA Abordagem Brasileira: Proibição e Estigma
No Brasil, o uso de cigarros eletrônicos encontra-se em uma zona cinzenta legal. Cigarros eletrônicos, aquecedores de tabaco, líquidos com nicotina e qualquer produto relacionado ao uso de tabaco para vaporização são totalmente proibidos. A posição oficial da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é clara em seu comunicado: o uso de cigarros eletrônicos é perigoso e deve ser evitado a todo custo, principalmente por causa dos jovens.
Mas eis a questão crucial: as pessoas ainda estão usando cigarros eletrônicos.
O mercado negro de produtos para vaporização está em plena expansão e é completamente desregulamentado. Em vez de garantir a segurança desses produtos, a proibição no Brasil deixa os consumidores vulneráveis a itens falsificados e potencialmente nocivos. Pior ainda, a retórica em torno da vaporização no país é alarmista. Campanhas de saúde pública, manchetes e reportagens em noticiários locais demonizam a vaporização a todo custo, equiparando-a aos cigarros tradicionais (ou até mesmo afirmando que estes são piores), apesar das inúmeras evidências científicas em todo o mundo que comprovam que a vaporização é significativamente menos prejudicial.
Como resultado, fumantes que poderiam ter optado por uma alternativa mais segura estão ou continuando com cigarros ou arriscando-se a produtos não regulamentados, e jovens estão consumindo cigarros eletrônicos do mercado negro. É uma situação em que todos saem perdendo.
Por outro lado, devemos olhar para a Suécia. Essa pequena nação escandinava tornou-se líder global na redução de danos fazendo exatamente o oposto do que o Brasil está fazendo. Em vez de proibições, a Suécia promove o acesso a produtos de nicotina menos nocivos, como o snus e, mais recentemente, o vaping.
O snus — um produto de tabaco sem fumaça — tem sido uma parte fundamental da estratégia da Suécia. Enquanto a UE proíbe o snus em outros Estados-Membros, a Suécia negociou uma isenção, reconhecendo seu potencial para reduzir as taxas de tabagismo. O resultado? Um declínio impressionante nas doenças e mortes relacionadas ao tabagismo. Quando o vaping entrou em cena, a Suécia adotou a mesma abordagem pragmática. Em vez de temê-lo, o país o acolheu como mais uma ferramenta para reduzir os danos. As autoridades suecas concentram-se em informar o público sobre os riscos relativos dos produtos de nicotina. A mensagem é clara: embora nenhum produto de nicotina seja 100% seguro, alternativas como o vaping são muito menos prejudiciais do que fumar.
E os números falam por si. As taxas de câncer relacionadas ao tabaco na Suécia são as mais baixas da Europa. Pense nisso por um segundo: um país que priorizou a educação e a acessibilidade em vez da proibição é hoje líder mundial em resultados de saúde pública.
O Brasil clama por uma visão mais ampla. A guerra contra o vaping não beneficia ninguém — pelo contrário, prejudica os fumantes, fortalece o mercado negro e desperdiça recursos públicos em campanhas ineficazes. O país precisa mudar sua mentalidade, deixando de lado o "pare de fumar ou morra" e adotando a redução de danos. As pessoas sempre consumirão nicotina, e oferecer alternativas mais seguras é o caminho responsável a seguir.
Certo, mas o que podemos fazer?
Como já sabemos que a proibição não funciona, devemos regulamentar os produtos de vaporização, garantindo que atendam aos padrões de segurança. Isso protegeria os consumidores e acabaria com o mercado negro. Além disso, outra coisa que definitivamente não funciona são campanhas baseadas no medo, mas focar na educação das pessoas sobre os riscos do tabagismo versus a relativa segurança da vaporização pode mudar completamente o cenário. E por último, mas não menos importante, Capacitar os fumantes a fazer a transição é a melhor maneira de garantir seu sucesso.. Em vez de envergonhar os fumantes, dê a eles a liberdade de escolha (já que o cigarro eletrônico é deles, naturalmente) para optar por alternativas mais seguras, o que significa tornar os produtos de vaporização legais, acessíveis e com preços acessíveis.
E por que tudo isso importa?
Não se trata apenas de estatísticas de saúde pública ou de fazer o Brasil parecer bem perante a comunidade internacional — trata-se de vidas reais de brasileiros.
Todo fumante que não tem acesso a uma alternativa mais segura corre o risco de desenvolver doenças devastadoras como câncer, doenças cardíacas e AVC. Toda pessoa que compra um produto não regulamentado está arriscando a própria saúde. A Suécia é a prova concreta de que uma abordagem de redução de danos funciona. É hora de o Brasil parar de demonizar o vaping e começar a reconhecê-lo como uma ferramenta que salva vidas.
Como libertário e defensor da redução de danos, acredito na liberdade individual. As pessoas devem ter o direito de escolher alternativas mais seguras sem serem punidas ou enganadas. O papel do governo deve ser o de informar, não o de controlar.
Sonho com um futuro em que o Brasil siga o exemplo da Suécia. As taxas de tabagismo despencam, a saúde pública melhora e milhares — senão milhões — de vidas são salvas. Esse é o país que quero ver o Brasil se tornar, e isso começa com a libertação das amarras da proibição.
A escolha é clara, e espero que façamos escolhas sábias. Vidas dependem disso.
Uma resposta